Criança, uma questão de mordomia.

A realidade atual demanda uma série de medidas de segurança, proteção ao patrimônio e ao individuo, são seguradoras, senhas, alarmes, segurança pessoal e muitas outras. No entanto, tudo isso parece não ser tão eficaz quanto deveria, nunca na história da humanidade se viveu uma época de tanta insegurança. Pessoas passam por esta vida escravas de um terrível medo, uma realidade travestida de neurose que tem atacado a todos. O certo é que nossa incapacidade em guardar e proteger a vida e seus tesouros está cada dia mais latente.
Ao que parece, esta incapacidade não se restringe aos valores materiais, nossa dificuldade em proteger e guardar os valores espirituais e morais está caminhando a passos largos, talvez em um ritmo até mais acelerado.
Temos deixado de observar princípios bíblicos, e isto pode nos levar ao caos. Eles foram criados por Deus em sua infinita sabedoria, com o simples objetivo de manter toda a criação se relacionando em harmonia, sempre que um é quebrado, desencadeia-se em efeito dominó, uma sequência destrutiva que por mais que nos esforcemos não conseguimos neutralizar.
Os estudiosos da bíblia listaram sete destes princípios como sendo os principais, não existe uma classificação por importância ou qualquer outra ordem, são todos extremamente relevantes, formam um conjunto de leis essenciais para a sobrevivência de nosso sistema.
Entre esses, esta o princípio da MORDOMIA; esta palavra traduz o ofício do MORDOMO, do Grego OIKONÓMOS, que significa administrador de uma casa, como José na casa de Potifar. O Mordomo é responsável por todo o funcionamento da casa, a partir do poder delegado pelo seu senhor ele administra com autoridade, cuidando pessoalmente de cada detalhe para um perfeito andamento de todo o serviço. Desde o cuidado e a preservação do ambiente, até o gerenciamento financeiro a segurança e guarda do patrimônio, nada deve escapar a seus olhos.
Deus criou o homem e o colocou como mordomo sobre toda a terra, “E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” Gn 2:15, nós somos responsáveis por cuidar e guardar todos os tesouros que Ele nos confiou, entre eles estão: Sua Palavra, os dons espirituais, a vida humana, os recursos naturais. Estas e muitas outras riquezas dão aos mordomos cristãos recursos para efetuar o ministério de forma tangível. Mas o tesouro não se restringe a posses espirituais e materiais. As crianças, como herança do Senhor estão entre Suas dádivas mais preciosas. “Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão” Sl 127:3. Eles são colocados nas mãos dos pais, que se tornam responsáveis por prepará-los para o serviço nesta vida e no mundo vindouro. Por meio da paternidade, os seres humanos se tornam cocriadores. Candidatos à imortalidade, seus descendentes devem ser gentis e firmemente encaminhados para a condição em que também devam assumir plena responsabilidade por sua mordomia.
A educação cristã, disciplina e treina­mento, são portanto de grande importância. O exercício pleno do grande mandamento do amor, exige o desenvolvi­mento de todas as faculdades, e é de suma importância a transmissão inten­cional dos valores bíblicos. “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te” Dt 6:6-7. Um excelente exemplo de transmissão da fé de uma geração para outra é o de Eunice e Loide, respectivamente mãe e avó de Timóteo,  “Pela recordação que guardo de tua fé sem fin­gimento”, diz Paulo a Timóteo, “a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti” 2Tm 1:5. Podemos entender aqui, que não é só o ensino, o testemunho de uma tradição familiar, de temor e fé ao Senhor, certamente é um fator determinante.
                Educar os filhos para o Senhor é dever de mordomia dos pais e, de fato, de toda a comunidade da fé. A igreja é uma comunidade onde convivem diversas gerações, e sempre uma geração é responsável pela geração seguinte, não só os filhos de sangue, mas , coletivamente. “Uma geração louvará as tuas obras à outra geração, e anunciarão as tuas proezas” Sl 145:4. Todas as pessoas de uma geração, são responsáveis por todas as pessoas da próxima geração, não adianta cuidar só do meu filho, se ele tem que viver em comunidade e certamente receberá influência de outras crianças. “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” Pv 22:6. No versículo mais usado como orientação à educação infantil; veja que Salomão não se referiu a filho, mas, “a criança”, entendo que ele não estava se referindo a uma criança de forma específica, mas a todas as pessoas dentro de uma faixa etária.
Infelizmente estamos deixando muito a desejar no cumprimento deste princípio, a realidade está ai para nos mostrar, crianças totalmente descontroladas, quebrando vários outros princípios, como autoridade e hierarquia. Se a igreja de Jesus não tomar uma iniciativa, nenhuma criança se salvará da profecia narrada em 2 Tm 3:1-9.  Leia e reflita.
Amarildo Rocha.
09/10/2013